O cinema brasileiro passou por uma etapa difícil no início dos anos 90, com o fechamento da Embrafilme, estatal que produzia filmes em nosso país nas décadas de 70 e 80, criada durante a Ditadura Militar. O presidente Itamar Franco (1992-1994) retomou o apoio do governo ao cinema, e um dos resultados dessa política foi ‘O Quatrilho’, dirigido por Fábio Barreto, lançado em 1995. Portanto, o filme celebrou 25 anos em 2020. Ele foi baseado na obra literária do escritor gaúcho José Clemente Pozenato.
Em 1996, ‘O Quatrilho’ recebeu indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, não venceu o prêmio, mas essa classificação foi de extrema relevância para o contexto artístico brasileiro. A indicação ao Oscar consistiu em um dos méritos desta excelente obra cinematográfica, que aborda as relações de um quarteto amoroso (interpretado por Patricia Pillar, Alexandre Paternost, Bruno Campos e Glória Pires). A história se passa no início do século 20 e resgata uma fase relevante da colonização italiana na Serra Gaúcha.
Enquanto o roteiro ganha propulsão de forma lenta e gradual, permitindo o desenvolvimento dos personagens e dos diálogos, o resgate cultural da colonização na Serra se apresenta de maneira minuciosa. Cenários, indumentária, alimentação, economia, linguagem, tudo é posto com detalhamento no filme. Caso não se trate de um resgate “real” (o que é difícil em qualquer caso), facilmente podemos afirmar que as minúcias são primorosas, que nos remetem à antropologia e ao livro de Pozenato.
Segundo a Enciclopédia Itaú Cultural, disponível na internet, o livro que inspirou o filme pode ser definido da seguinte forma: “Em sua prosa, José Clemente, explora a vida na colônia, notadamente em ‘O Quatrilho’, uma espécie de recorte antropológico da imigração italiana para o Sul do país, por meio da construção de um panorama histórico”. Uma obra deste gabarito, ganhando vida no cinema e chegando à cerimônia do Oscar, é algo magnífico para o Rio Grande e o Brasil.