Início Geral 15 de maio: dia de festejar o assistente social

15 de maio: dia de festejar o assistente social

EVERSON BOECK
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O assistente social no meio empresarial

O profissional do Serviço Social não atua somente em órgãos públicos. É o caso da assistente social Carina Bubolz, hoje com 33 anos de idade, que desde 2009 desenvolve suas atividades numa empresa multinacional em Santa Cruz do Sul.
Formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2006, ela acredita que o profissional, especialmente no campo empresarial, tem um papel estratégico de mediador de relações oriundas do próprio meio profissional. “Nos últimos anos o assistente social ganhou um papel importante no meio empresarial. Seu trabalho é estratégico e aliado aos processos da empresa especialmente voltados para o lado humano, observando o contexto onde o funcionário está inserido, suas dificuldades, as situações às quais ele está exposto, como isso tudo está repercutindo no seu trabalho e, caso necessário, de que forma pode ser orientado a enfrentar estas questões”, esclarece.
Carina explica, também, que o trabalho do assistente social, neste caso, é focado na saúde do funcionário e, por isso, normalmente é interligado e desenvolvido em conjunto com outros profissionais. “Eu, por exemplo, trabalho dentro de uma equipe multiprofissional com psicólogo, psiquiatra, fisioterapeuta, médico, nutricionista, entre outros. Neste âmbito, o assistente social tem a função de desenvolver ações e projetos de saúde preventiva para os funcionários e suas famílias”, sinaliza.
A assistente social revela que descobriu sua vontade de atuar nesta profissão, porque sempre gostou de trabalhar com o lado humano das pessoas, conforme fala abaixo: “Sempre gostei do contato com as pessoas e me encontrei quando comecei a trabalhar com isso. Nosso papel como profissional é também orientar o indivíduo para que este pense e encontre alternativas para solucionar suas dificuldades, sendo que a maioria não sabe dos direitos que lhes são garantidos, ai então cabe ao profissional assistente social intervir, sempre na perspectiva de garantia de direitos, e não de ajuda, como às vezes somos conhecidas ou interpretadas”, conta.
Em relação ao mercado de trabalho, Carina acredita que o campo é amplo, mas ainda é pouco explorado. “A sociedade ainda não se deu conta da importância do profissional em outros segmentos. O mercado profissional, no entanto, pode ser muito mais cultivado, e inclusive pode ser um importante campo de formação profissional podendo ser explorado para estágios”, argumenta.

DIVULGAÇÃO RJ

Carina: “No âmbito empresarial o mercado para estes
profissionais é amplo, mas pouco explorado”

Serviço Social como um garantidor de direitos

Desde 2009 trabalhando na agência da Previdência Social INSS de Santa Cruz do Sul, o assistente social Everton Scherer, 38 anos, desenvolve suas atividades com foco para o atendimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), principal atividade do Serviço Social no INSS. É um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), pago pelo Governo Federal, cuja operacionalização do reconhecimento do direito é do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna.
Formado pela Ulbra de Canoas, Scherer já atuou em um hospital em Porto Alegre numa unidade de dependência química da referida instituição. Depois, realizou concurso público e ingressou no serviço público onde permanece até hoje. Para ele, uma das maiores funções do assistente social, especialmente no seu contexto hoje, é a de garantir direitos para o cidadão. “Neste campo, o profissional orienta a pessoa sobre quais recursos ela pode obter e quais benefícios ela pode ter direito”, esclarece.
Outro ponto destacado por Everton é a questão das 30 horas semanais da carga horária que deveriam ser cumpridas. “Existe uma lei federal que determina 30 horas semanais para o profissional, porém, a maioria das instituições – públicas principalmente – não consegue cumprir. É muito trabalho e nós, comprometidos, acabamos sempre nos dedicando bem mais. Esta redução nas horas de trabalho é uma das lutas do Conselho Federal de Serviço Social/CFESS”, enfatiza.
Além disso, existe um grupo de profissionais da região que periodicamente se encontram para troca de ideias e experiências. “O Conselho Regional de Serviço Social/CRESS é subdividido em núcleos regionais, conhecidos como NUCRESS, e alguns profissionais do núcleo da nossa região (do qual faço parte) se reúnem mensalmente. É uma forma de nos mantermos atualizados sobre o que acontece na região e um momento de fortalecimento dos profissionais”, considera.

EVERSON BOECK

Scherer: “O profissional orienta a pessoa sobre quais recursos ela pode
obter e quais benefícios ela pode ter direito”

A ORIGEM DO DIA DO ASSISTENTE SOCIAL

O mês de maio traz data muito especial para os Assistentes Sociais: o dia 15, quando se comemora o seu dia e marca a profissão desde o seu nascimento. Em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII publicava a Encíclica “Rerum Novarum”, apresentando ao mundo católico os fundamentos e as diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Era a primeira Encíclica Social já escrita por um Papa e, arcava o posicionamento da Igreja frente aos graves problemas sociais que dominavam as sociedades europeias. Para os assistentes sociais europeus, a Encíclica publicada naquele dia 15 de maio, trazia um conteúdo muito especial. Atônitos frente à complexidade dos problemas existentes e teoricamente fragilizados em consequência de sua formação ainda bastante precária, aqueles profissionais assumiam o documento e os ensinamentos ali contidos, como base fundamental de seu trabalho. E desse modo se aproximavam cada vez mais da Igreja Católica europeia que, por sua vez, assumia progressivamente a sua liderança sobre o enfoque das práticas sociais daqueles profissionais.
No Brasil, o Serviço Social foi criado em 1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica no País, inspirados na Doutrina Social da Igreja então enriquecida por uma nova Encíclica Social: a “Quadragésimo Ano” redigida pelo Papa Pio XI e publicada no dia 15 de maio de 1931 em comemoração aos quarenta anos da Rerum Novarum. E, desse modo, gestada no seio da prática da “Ação Social Católica”, ou simplesmente “Ação Católica” – no Brasil a profissão cresceu sob a liderança da Igreja e, até o início dos anos 60, recebeu a influência direta e decisiva da sua “Doutrina Social”.

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